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Nota do autor

À luz de muitos caminhos percorridos e experiências vividas, vamos colhendo flores e semeando esperanças, enquanto tentamos afastar os espinhos que nos fustigam; mas – quer fujamos deles, quer tenhamos que conviver com eles – sempre nos facultarão lições preciosas para a vida.
Arte e poesia, assim como a vida, são edifícios que se constroem com sonhos bons e pesadelos. A inspiração poética, como a vida, é fruto do amor; mas – na maioria das vezes – vem das desilusões: por amores ou objetivos buscados e não alcançados.
Assim, um dia me quis poeta / e por ser poeta tanto / sorvi do riso e do pranto / que nos traz a poesia / pois é mais da dor que se nutre / o poeta e a poesia / e pouco verso existiria / se o coração não sofresse.
A poesia é como uma semente: brota. Mas o seu solo é o coração, e precisa ser regada pelo esforço e pela persistência. A inspiração é sua clorofila; o sentimento, seu sol. Mas a inspiração é, também, uma amante vulgar. Vem, faz amor conosco e, sem nenhum escrúpulo, nos abandona. Não sei qual é o seu maior gozo: quando está na cama da nossa alma ou quando vai embora, desdenhando da saudade que deixou, às vezes, antes mesmo do ato acabado. Sabe que precisamos dela… e nos faz reféns. Vem outras vezes… Mas a gente nunca sabe quando. Assim, quando estiver contigo, tire o máximo dela, pois essa algoz aventureira é tão preciosa que não tem preço..
Abstraindo a partir da psique humana e de Lygia Fagundes Telles, ouso afirmar que a poesia é o recurso generoso que o poeta utiliza para disfarçar as histórias que, atufadas nos bastidores de sua mente e disfarçadas em forma de versos, ele precisa contar. Por isso, essa arte – que pode ser vista como um dom – é, antes de tudo, uma necessidade.